sexta-feira, 9 de março de 2012

Feito Pedra


Eu sempre fui assim, engraçada, a vida inteira. Sempre fui diferente, meio destrambelhada, meio equivocada, geniosa, e acima de tudo, e qualquer coisa, politicamente correta. Quando criança gostava de ver filme, ou conversar com alguém, garotas da minha idade brincavam demais, eu não. Quando pré-adolescente fui rebelde, contra tudo e todos, contra a política, a religião, o pré-conceito, a mediocridade, a pobreza, a qualidade de vida que era oferecida. Apostei demais minhas fixas, fiquei pobre delas depois de um tempo. Parei de apostar. Aprendi que quanto mais se aposta, menos se ganha. Nunca ganhei nada.
Sou muito avançada pro meu tempo, e um pouco careta também. Mas sempre fui assim, diferenciada dos demais. Sempre preferi o azul ao rosa, o rock ao pop, o MPB ao Internacional. Cresci acostumada e viciada em musica boa. Aprendi desde criança a diferença entre os bons costumes e o péssimo gosto.
Gostei de alguns caras, de outros nem tanto assim. Acreditei muito naquele clichê infantil de “para sempre”... Todo relacionamento que se iniciava, por menor que fosse, era para sempre. Desisti de encontrar o cara perfeito, do mundo perfeito, de algum conto de fadas qualquer... Hoje, eu gosto mesmo é dos loucos.
Eu nunca fui certinha, por tanto, seria cruel querer um cara certinho. Aquele tal cara que vai abrir a porta do carro pra você, ou te fazer uma serenata de amor. Gosto de caras mais despojados, que seja sincero, que curta algo que eu odeie, só para termos por que brigar no fim do dia. Gosto de qualquer coisa que seja diferente. E por incrível que pareça, eu gosto de caras que pisam na bola, que chega atrasado, que ciúma dos meus livros.
Os príncipes são para garotas boas. Eu não sou boa, eu sou má, ruim, gananciosa, curiosa, indiscreta, careta, e estúpida. Eu jamais daria certo com o cara certo. Eu seria boa demais para ele. Gosto de gente que me surpreenda.
Levei tanta cacetada da vida – embora não pareça – que simplesmente resolvi não ligar. Continuo a mesma, lendo os mesmos livros e colocando-os na estante, e nunca tiro poeira dos meus discos. Me acostumei ao básico, boa musica, bons amigos, bom filme, pipoca e refrigerante.
Nunca fui boa com o amor. Nunca acertei. Quebrei meu coração muito jovem, por isso sou assim, feito pedra. Confiar é estar de olhos vendados à beira de um precipício. Nunca sabemos se vão nos empurrar ou nos segurar, mas continuamos ali. Confiei em muitos rapazes maldosos com cara de bonzinho. Renato Russo uma vez disse –”... tem gente que machuca os outros, tem gente que não sabe amar...” – Ele estava certo! Não gosto dessa gente! Eu gosto de pessoas que mesmo pisando na bola, vão me ligar no fim do dia, gosto de gente que gosta de mim, que reza por mim, que escolha o meu lado como o melhor lugar do mundo.
É isso ai coração, eu sou durona mais não sou insana. Eu sei que o cara errado de bom coração e péssimos hábitos românticos está ai em algum lugar...

Lembram do que eu disse sobre as apostas? Quando agente acha que não ganhou nada, nos enganamos ao ver que ganhamos experiência e amor próprio.

Por: Maria Fernanda Sollero

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