sábado, 3 de dezembro de 2011

O tempo passou.


Eu estava cega, meus olhos não queriam mais enxergar ninguém que não fosse você. Meu olfato estava extremamente delicado, procurando seu cheiro em todos aqueles pescoços. Minhas mãos buscavam a maciez das suas. Eu queria te encontrar, meu corpo queria te encontrar, meu nariz, minhas mãos, meus olhos. Meu paladar estava particular, nenhum gosto me satisfazia. Até minha boca estava querendo te encontrar. Eu passei todos esses dias, semanas após semanas, tentando me tornar indiferente, para que você pudesse sentir minha falta. Beijei outras mil bocas, para que você tivesse medo de que em uma delas eu quisesse me abrigar. Me tornei moderninha, saidinha, e muito mais fria e insensível. Tornei-me mais mulher. Perdi aquela vontade imensa de gritar, ou aquela inocência de falar palavrões e coisas desnecessárias e mesmo assim fazer todo mundo rir. Perdi muito de mim, meus sonhos, meus mimos, meus dengos, tudo com um único intuito - trazer você de volta! O tempo passou e hoje, eu estou muito mais madura, meus olhos estão com um leve grau de miopia, mas eu enxergo perfeitamente aquilo que quero enxergar. Meu nariz parou de ser tão exigente, e agora eu admiro não só um único perfume barato como o seu, como outros perfumes mais atrativos e afrodisíacos. Não só minhas mãos, como o resto do meu corpo está totalmente acostumado com as pegadas de outras mãos, que não sejam as suas, e minha boca, não muito diferente do meu nariz, ou dos meus olhos, ou até das minhas mãos, ela está refinada, e conhecendo vários sabores diferentes sem preocupação e arrependimentos. Eu sou mais eu, perdi aquela necessidade de ouvir um “eu te amo” logo pela manhã, não quero me apaixonar porque é desnecessário, tenho outro tipo de passatempo, como escrever, caminhar, conhecer pessoas e não me preocupar. Eu não deixei de ser eu, continuo sendo a mesma menina, louca, inconseqüente, alucinada, e um tanto quanto incoerente que você conheceu, mas com uma única diferença, eu cresci, e agora eu não preciso ouvir da sua boca um “eu te amo” para me sentir mais segura, ou mais mulher, simplesmente aprendi a me olhar no espelho e valorizar quem realmente me ama: Eu!

Por: Maria Fernanda Sollero

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