domingo, 27 de novembro de 2011

Dialogo


(...)
_ Quanto tempo! Eu mal me lembrava do seu sorriso. – cumprimentou-a com um abraço, depois de longo tempo sorrindo.
_ É muito tempo! – sorri desajeitada, levando um único fio de cabelo atrás da orelha quase que em câmera lenta.
_ Por onde andou? O que tem feito? – ele sorri a cada três palavras que diz e continua falando desesperadamente – Eu andei fora da cidade nos últimos meses, estava na casa de uns familiares no México. Decidi fazer um tour e só cheguei hoje... Acredite, passei por Portugal, Argentina, Paris, Londres, todos esses lugares que eu sempre quis conhecer, você sabe. – não tira os olhos dela, nem por um segundo, tentando decifrá-la através de cada olhar.
_ Bem... – por um instante treme a voz, como se ainda existisse algum vestígio de choro em seu ser, mas concentra-se respirando fundo, e ergue os olhos para o céu, abrindo-os e fechando-os devagar para que o vento seque aquela última lágrima que insiste em sair – Andei procurando você! – olha-o por um instante, e ergue seus olhos novamente ao céu, depois abaixa o olhar em busca de forças para falar – Fui a sua casa algumas vezes, estive conversando com seus pais durante todo o verão. Escrevi algumas cartas, mas não enviei. Depois, comecei a freqüentar aqueles lugares, aqueles bares, aquelas festas, confesso, uma tentativa falida de tentar te encontrar. Andei sentindo muito sua falta, do seu sorriso, do seu olhar, das palavras que me dizia, da sua voz, do seu abraço, dos momentos que tínhamos... Achei que não conseguiria me levantar pela manhã, como fazia todos os dias. E então, eu consegui! Foi difícil no começo, eu não podia ouvir falar seu nome, não podia conversar com amigos seus, nem visitar seus pais, mas consegui! Nunca pesei que fosse doer tanto, nunca pensei que fosse doer tanto ter um coração dilacerado, massacrado, triturado, e no fim, não ter mais coração. Eu sinto muito, sinto muito por não ter sido fácil para mim. Desculpe-me. – beija-o na testa e sai rapidamente, para que não seja vista chorando.
Alguns sentimentos são para sempre, mesmo que insista em viver sem eles, algumas pessoas também são para sempre. Depois daquele dia nem ele dormiu bem, nem ela. Na verdade, ela já não tinha uma boa noite de sono a mais ou menos um ano. Afinal, não é sempre que desistimos do amor da nossa vida. Mas acontece quando o amor não é mais o bastante. Ela, sempre tão certa da razão, agora se limita a viver, sem amor.

Por: Maria Fernanda Sollero

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